segunda-feira, 19 de junho de 2017

Imperdível!!!! Luciano Rezende fala do significado político amplo do 55º Congresso da UNE

Professor Luciano Rezende
O que a UNE nos tem a ensinar sobre Frente Ampla?

A União Nacional dos Estudantes completará esse ano 80 anos de existência. 

Qual o segredo de sua longevidade em um período marcado justamente pelo efêmero?

Qual o mistério de sua vitalidade em uma época marcada pela tibieza de boa parte das organizações sociais?

Qual o enigma de sua imprescindibilidade em um momento em que instituições seculares são descartadas?

Talvez as respostas para estas e outras indagações possam ser encontradas no seu último Congresso, finalizado ontem (18/06) em Belo Horizonte.

Marcado pela amplitude política, o 55° Congresso da UNE simboliza o caráter e o significado de uma Frente Ampla, tão reivindicado por amplos setores da sociedade, mas tão postergado pelas forças políticas no país. 

Frente Ampla não é Frente de Esquerda. Embarca também vários outros setores e espectros partidários, inclusive divisões do PSDB. Envolve também segmentos da extrema esquerda mais abertos ao debate como um grupo de dissidentes do PSTU. Forças tão díspares que referendaram a UNE como entidade máxima dos estudantes e gritaram juntas Fora Temer.

Mas não é somente o Fora Temer que unifica todos esses campos, da direita à esquerda.

Há nesse movimento frentista a possibilidade de se avançar em inúmeras outras bandeiras cruciais para se retomar o Estado Democrático de Direito, como por exemplo a luta contra a criminalização da política, a denúncia de organizações para estatais e para constitucionais como a Lava Jato, a defesa da soberania nacional e da indústria brasileira, a retomada dos investimentos em educação e ciência e tecnologia, entre outras.

A UNE, que nasceu sob a forte influência da Aliança Nacional Libertadora - uma frente antifascista que reunia diversas organizações anti-imperialistas, desde os comunistas e demais intelectuais progressistas, até vastos setores das forças armadas e empresários -, ao longo de sua história soube honrar sua tradição predominantemente plural, frentista e unitária. Daí mesmo o seu nome: UNIÃO Nacional dos Estudantes.

E é justamente essa cultura de amplitude que falta ao maior partido de esquerda da América Latina. A par de seus inúmeros acertos quando esteve à frente da Presidência da República, o PT sempre chamou atenção pelo seu hegemonismo, quase nunca cedendo espaço para outras forças políticas aliadas.

O hegemonismo petista só foi desacelerado em momentos de agudização das crises políticas, tanto nos governos Lula como nos de Dilma. Ao fim e ao cabo, diversas forças políticas históricas e identificadas com a agenda progressista como o PSB e o PDT, foram migrando para o lado oposto e se aliando ao campo conservador. O astro principal foi perdendo sua força gravitacional e importantes satélites foram se deslocando fora da órbita original.

Não é verdade que o governo Dilma caiu principalmente por não ceder às pressões e chantagens de outros partidos. Sucumbiu, pelo contrário, por deixar se isolar e não ter a destreza de se articular politicamente com todos os partidos, sobretudo o PSDB, nas questões mais centrais.

Desde o início da campanha insidiosa de criminalização da política e dos partidos políticos levada a cabo por vários segmentos da grande mídia e as grandes corporações, se esperava um melhor diálogo com todas as forças democráticas, independente da sigla. O que estava em jogo era a defesa do Estado Democrático de Direito e da soberania nacional.

Mas eis que aparece essa juventude intrépida e destemida da UNE para dar uma aula de política aos velhos caciques de como se unir em uma ampla frente em torno dos objetivos mais urgentes e candentes, deixando de lado o que nos separa e resgatando aquilo que nos une. 

Parafraseando seu hino, composto por Vinícius de Morais, a UNE reúne futuro, tradição e um presente de lucidez política em favor do povo brasileiro.

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